terça-feira, março 14, 2006

Perna dormente, testa suada, vista semi cerrada, oscilando entre variadas gamas da frequencia alfa.

O "2 disketes por apenas 1 real, 3 amendoins por apenas 1 real, 12 chicletes por apenas 1 real..." me tirou da agitada discussão interna sobre a relevância das cores e sorrisos que ficavam pra trás a 60km/h.
Ainda não tinha reparado que todas as fotografia, símbolos, ícones, frases engraçadinhas, slogan, olhares(...) que moram nas vias públicas, estão ali querendo dinheiro. Um jovem senta ao meu lado durante o anuncio do ambulante.

Como será que eu posso expressar o meu desprezo por ambos? Passou pela minha cabeça, enquanto observava, apático, o desfilar de um corpo feminino pela roleta.

O ambulante travou contato visual com a mão do jovem, que não parava de procurar algo dentro de sua bolsa transpassada. Bem na minha frente, jazia agora, um pêndulo de doces vulgares. Observei a disposição do suor no rosto do camelô, enquanto o mesmo bradava, mais uma vez, o seu discurso previamente decorado sobre a sua dura vida atual.

“Putz... que merda...”. Exclamei, quase em silêncio.

(Esse foi o meu momento de condescendência do dia. )

“ Putz... que merda...” ele exclamou, quase em silêncio.

Pelo afastamento da voz esganiçada, percebi que a negociação com o jovem ao meu lado não havia dado certo. Por um momento fiquei satisfeito mas, por força do habito, acabei abrindo mão das minhas idiossincrasias para procurar motivos da não realização da comercial informal.

A Repentina movimentação de mão dentro daquilo que, não sei se pode ser chamado de bolsa, atraiu, imediatamente, os instintos pró-ativos do mascate.
Alheio a tudo e todos, o jovem, finalmente, achou o que estava procurando. Neste mesmo momento, o então, aturdido vendedor, se deixou exclamar um absurdo compatível com o que vira nas mãos do suposto comprador. o inusitado.

Thales, agora bem desperto e irritado, ainda não havia entendido o que se passava, pois, na minha fingida discrição blaze, isto é, de soslaio, só conseguia alcançar o elefante branco transpassado.
No momento em que decidi mudar a posição do corpo, isto é, vestir a camisa para me tornar uma espectador mais participativo, testemunhei um braço fazendo movimentos convulsivos da cruz cristã e um terço entre os dedos.

Ele também estava usando um par de meia Speedo.

2 Comments:

Blogger Hyman Roth said...

Só para você queimar a língua, rapazote: olha ali em cima.

24/3/06 01:34  
Anonymous Anônimo said...

Looking for information and found it at this great site... » »

2/3/07 02:51  

Postar um comentário

<< Home